quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fatalidades

Começou - finalmente - a chover. Tempos estranhos estes que atravessamos, quando passado o meio do mês de Outubro, ainda tivemos dias de autêntico Verão.
Mas a época, esta época, é a das primeiras chuvas e por isso nada de anormal; anormalidade é esta nossa tão característica maneira de ser português: choveu, parece que tudo nos vai correr mal.
O nacional fatalismo que históricamente nos acompanha, vem sempre ao cimo até na mais elementar alteração climatérica, poder determinado pela omnipotência da Mãe Natureza.
Rostos macambúzios e sorumbáticos, foi o que vi durante todo o dia; porquê? pergunto.
Deveríamos saudar cada dia como se do último se tratasse, aproveitando sempre para fazer algo que ainda nos falte realizar. Para termos algum motivo de preocupação, já basta a irritante irreversabilidade que o tempo nos confronta através do relógio.
Pormenorzitos climatéricos? Não é p'ra mim...
E siga a banda!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Amigos e amizades

Recentemente, numa rara e ocasional utilização de um transporte público, eram meus companheiros de viagem, uma relativamente jovem mãe com dois rebentos que, não teriam mais de cerca de 10 anos (ele) e 4 ou 5 (ela).
A uma inquietude irritante do rapaz, respondia a garota com um reconfortante sossego e a falsa indiferença da mãe perante aquele quadro; para mim, a prioridade era o jornal desportivo que havia comprado.
Mas a leitura logo ficou para 2º plano, perante o desassossego do gaiato que qual pica-miolos tentava por todas as vias aborrecer a irmã; confesso que, comigo o miúdo à 2ª ou 3ª vez tinha garantida uma latada como forma de acalmar as hostes e colocar tudo nos seus devidos lugares; mau feitio, o meu...
Ainda assim, e perdida a concentração para a leitura, comecei a tomar atenção àquele "filme", onde a mãe - que pachorra - logo decidiu participar de uma forma mais activa; depois de muitas repreensões, resolve tirar da cartola um "...vais ficar de castigo!".
Nada de anormal e que não seja habitual nas relações pais/filhos; agora vou resumir o restante diálogo:
- Quero lá saber...diz o puto;
- No fim de semana não te deixo ver televisão - diz a matriarca;
- Não me importo, brinco com o computador!!! - responde o reguila;
- Mas também não te deixo mexeres nele e não deixo os teus amigos irem brincar lá para casa - adianta a Srª que começa a revelar (pelo tom de voz) algum nervosismo perante "tanta luta";
- Eles não são meus amigos, nem quero amigos; tenho a minha PlayStation! - concluiu secamente o moço.
Esta resposta provocou várias reacções distintas: a mãe sorriu (amareladamente), alguns outros passageiros - eu incluído - achámos mesmo piada e, provavelmente outros entenderam a resposta como um excesso de má educação.
Mas para mim, depois de tudo aquilo, dou comigo a pensar no sentido daquilo que tinha acabado de ouvir: não tenho, nem quero amigos.
Como é que na sua mais profunda ingenuidade, uma criança tem tamanha sabedoria? Sim, porque nos dias de hoje, amigos e amizades têm muito que se lhe digam...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Raul Solnado 1929-2009


O Sr Gargalhada deixou-nos; mas apenas fisicamente. Felizmente que a quantidade de registos existentes não deixarão que a sua memória se apague.
Por mim falo, pois sou proprietário de um magnífico 45 rpm em vinil (vulgo single), onde ele conta "A história da minha vida" e "A guerra de 1908", respectivamente nas faces A e B.
Por mim e até que me seja possível, andarás por aí...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Andar na Lua


No passado dia 20, comemoraram-se 40 anos que o Homem pisou a Lua pela primeira vez. O assunto ganha um relevo especial, se nos lembrarmos que não foram assim tantos os que tiveram este raro previlégio - apenas 12 e todos cidadãos norte-americanos; porém nos dias que correm, este feito extraordinário é relegado para segundo plano, quando se coloca objectivamente e duma forma quase garantida que o próximo passo a ser dado será já no planeta Marte.
Mas da Lua, guardo comigo estranhamente a recordação de ter assistido à transmissão televisiva, em casa com os meus pais numa longa maratona, apesar dos meus tenros 5 anos; guardo também a voz do comentador da RTP que acompanhou o acontecimento, cujo nome nunca mais esqueci: José Mensurado.
Depois de larguíssimos anos sem saber nada dele, revi este homem precisamente no dia 20 dando uma breve entrevista num serviço noticioso na SIC; está quase igual excepto a caz que apresenta, fruto dos anos entretanto decorridos e que implacávelmente o tempo aplica como regra irreversível.
Ao longo dos anos continuo sem saber a razão certa pela qual a minha memória guardou tais imagens e sons, com uma absoluta nitidez que dificilmente consigo explicar por palavras.
A mente humana é de facto uma máquina fantástica.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Políticos, Democracia, Benfica e Dr. António

Realizou-se na passada sexta feira dia 03 de Julho, o IV congresso da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, cujo lema era "A qualidade da Democracia e o Pós-crise".
Porque se trata de um associação cívica e de reflexão sobre os mais actuais e diversos temas, escutei com particular atenção os resultados de um estudo encomendado por este organismo e que, visava avaliar como nós portugueses vivemos e sentimos esta nossa pobre democracia; pois bem, as conclusões foram as que se previam e que em nada me admiram: anda mal e não se recomenda. Com se ainda fosse necessário confirmar, a população em geral está desagradada com a qualidade desta democracia, culpablizando em particular os seus principais intervenientes: os políticos - não a política de uma forma generalizada.
O ramalhete ainda ficou mais composto, quando 1 ministro (???) se tornou em ex num curto espaço de tempo, quando em plena AR gesticulou para um deputado informando-o que no próximo aniversário lhe iria ofertar um magnífico "chapéu de osso"...
Depois é óbvio que temos de ter resultados de abstenção como os que ocorreram em 07 de Junho ou piores ainda...
Nem de propósito no mesmo dia, realizaram-se eleições no S.L. Benfica, onde e independentemente dos créditos e méritos de quem está à sua frente, houve também alguma falta de cultura democrática, ao ponto de 1 dos candidatos ter de entrar no espaço destinado à votação, por uma porta lateral e escoltado por agentes da P.S.P. à paisana, elementos do C.I. e ainda por mais 4 seguranças pessoais; isto foi dito e não desmentido por ninguém.
Como diria uma personagem da nossa praça "não havia necessidade...".
Mas isto não é senão um (mais um) reflexo dos tempos em que vivemos onde a tolerância e o livre direito de opinião (e liberdade de expressão!!!), apenas são meros vocábulos que fazem parte (ainda...) dos dicionários de língua portuguesa.
A conclusão a que já havia chegado há muito e que a cada dia que passa mais confirmo, é que estamos mesmo no fundo e que passados 35 anos as coisas continuam na mesma; vigarice, malandrice e compadrio tal qual como antes, com a diferença que agora existe impunidade. Pelo menos no antigamente, o Dr. António tinha a coragem de castigar e/ou afastar os poucos que por vezes mijavam fora do penico...
Agora a reprimenda passa pela colocação noutro lugar público (vindo de outro, claro) ou nalguma empresa onde haja participação estatal.
Estamos mal.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Du Best


Lembrei-me de um excerto do tema BEAT IT de M. Jackson interpretado por Eddie Van Halen que considero uma das mais extraordinárias interpretações de guitarra de sempre.

Ouçam que vale a pena.



http://www.youtube.com/watch?v=AlNWf7IBDOQ&feature=player_embedded

As mudanças no rosto de Michael Jackson

Coisa mais estranha...


http://www.youtube.com/watch?v=KkDOSM8bDN4&feature=player_embedded

Michael Jackson


Também morreu ontem; com 50 anos.
Confesso que gostava da sua música sem ser (já) fanático. Foi para mim e para outros tantos milhões um ícone musical; imaginem putos de 14/15 anos nas suas primeiras saídas (à tarde!!!) para darem um pézinho de dança nas 'discos' (hello Acapulco) ao som daqueles que ainda considero os seus melhores álbuns - Off the wall e Thriller.
Foi um tempo de idolatria que se arrastou por mais 30 anos.
Apesar dos últimos tempos da sua vida terem sido muito conturbados e onde se viu por diversas vezes envolvido nos mais variados escândalos e atitudes bizarras, creio que com morte do Rei da POP iremos assistir ao desenvolver de mais um Mito Eterno.
Ainda assim, obrigado pelo que nos deste.

Farrah Fawcett


Morreu ontem aos 62 anos vítima de cancro, a loiraça dos "Anjos de Charlie". Recordo com prazer e nostalgia, essa série de televisão que passou durante a década de 70 na RTP 1, onde três corajosas moçoilas enfrentavam perigos vários, para resolverem crimes e conspirações através de muita pancada, tiros e alguma sensualidade.
Aqueles olhos claros e os longos cabelos de ouro hipnotizavam qualquer adolescente imberbe (como era o meu caso), fazendo com todos os sacrifícios valessem a pena para que não se perdesse nenhum episódio.
Quem não viu esta ou outras séries da altura não entende a magia da TV nesse tempo...
Foi para mim e muitos da minha geração, aquilo a que hoje se chama Sex Simbol.
Adeus Farrah.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Da bola



Confesso que fiquei surpreendido e de certa maneira chocado, com as recentes notícias sobre a hipotética mas logo confirmada transferência de Cristiano Ronaldo de Manchester para Madrid.
É claro que percebo a posição do 'puto maravilha' em querer ganhar cada vez mais do belo; não entendo é que seja razoável nestes tempos económicamente tumultuosos, haja gente e/ou entidades que falem de milhões como se de tostões se tratasse; certo que o livre comércio mais a livre concorrência serão cada vez mais honestos quanto mais livres forem e, os melhores nos melhores sítios é em resumo aquilo que sempre se passou, passa e passará; perdoem-me se pareço moralista em demasia mas aqueles números, no mínimo não deveriam ser permitidos serem anunciados ou sequer publicados; porque a moral assim deveria obrigar e a decência não deveria permitir que da forma como as coisas andam fosse possível falarmos de de valores completamente inimagináveis para qualquer de um comum mortal.


Falar-se de diáriamente ganha aquilo que o nosso Presidente da República ganha em 2 meses e meio, é seguramente uma afronta para todos os que nesta fase continuam a ter de levantar-se às 6 da matina para entrarem na sua fábrica, sem que haja o garante de no final do mês receberem aquilo a que têm direito ou eventualmente se essa mesma unidade fabril não encerrará as suas portas a qualquer momento, atirando mais umas dezenas ou centenas de desgraçados para o famigerado fundo de desemprego (que diga-se, neste país também é habitualmente para gente com idades superiores aos 40 anos, o último ordenado...).


Nada tenho contra a ambição pessoal do rapaz; tenho é tudo contra aquilo que depois se passará, nomeadamente ao nível da tributação fiscal - ou não, de dependendo sempre do off-shore escolhido... - E não preciso de dizer como andam as coisas por cá a este nível...

terça-feira, 9 de junho de 2009

1ª - The Day After

Olá
Espero que seja a 1ª de muitas.
Logo calha na ressaca de mais uma FANTOCHADA que em Portugal se chama "Eleições"; desta vez e a reboque da famigerada Europa, lá foi o povão às urnas.
Como se não fosse um hábito diário; temos todos os dias e invariávelmente um funeral de alguém que, ou conhecemos ou alguém conhece. Gostamos desta onda e alinhamos; mais a mais agora que científicamente se provou que o melhor engate surge sempre num velório; conheçamos ou não o morto ou alguém próximo.
Por isso e mórbidamente falando, esta romaria às urnas calha sempre bem, mesmo que seja preverso aturar aquela chusma de parasitas que gravitam em torno do papelito que lhe vale o tacho; meus caros, a verdade é esta: o "n(v)osso" sacrifício da 'descarga no caderno eleitoral vale sempre a pena'...para alguém...
Nem de propósito e ainda mal tinham sido encerrados os locais onde havia sido "...depositada a vontade popular..." (PCTP-MRPP, camarada Arnaldo Matos, Dezembro de 1975, sic), logo apareceram os habituais oportunistas que a troco de 2 minutos de fama televisiva, para si reclamam a suprema glória da vitória do partido a que (agora) pertencem; por outro lado, a fuga dos derrotados foi mais que envergonhada, deixando para trás uma cada vez mais triste figura que carrega na mão um canudo académico que não convence ninguém e umas olheiras mostradas na TV logo após o cumprimento do seu dever cívico que indiciavam uma noite muito mal dormida como que antecipando uma tragédia há muito esperada e que viria a suceder.
Confesso que para mim tanto dava ser assim ou doutra maneira.
Ganhasse quem ganhasse, continuo a correr o risco de sair de casa à noite para ir tomar um café ou simplesmente ir colocar o lixo no seu lugar e ser assaltado; ou não levando nada que possa ser roubado, levar umas pêras na fuça precisamente por não trazer nada de valor comigo.
Conclusão: bebo café em casa (de saco) e o lixo vai no dia seguinte à luz do dia, onde continuo a correr os mesmos riscos apenas com a diferença de ter assistência pública sem que ninguém intervenha.
Portanto companheiros, e resumindo: «A merda é a mesma; mudaram apenas as moscas».
Lamento apenas que o valor da abstenção se tenha cifrado em pouco mais de 60%; haverá seguramente o dia em que o valor será de 90% ou mais e alguém se aperceba que só votaram "eles", os familiares directos e a pandilha que com eles alinha.
Adeus e até ao meu regresso.